
Como tudo começou
Nem só as pessoas guardam as suas recordações, muitas instituições também preservam o seu património edificado, o seu equipamento, o seu arquivo documental ou ainda o seu relacionamento com os seus antigos colaboradores.
A APIB não é exceção, embora a mudança da sua sede de Lisboa para o Porto ocorrida nos anos noventa acabou por transferir para a nova sede somente tudo aquilo que na altura teria sido considerado essencial.
Podemos imaginar que muita documentação que hoje teria interesse, na altura não foi assim entendido e como deve tal enviada para o lixo.
No ano em que a Associação faz 50 anos de existência, sem contar com os 37 anos como Grémio Nacional, vale a pena recordar como tudo começou.
Oficialmente foi assim:
Em 1 de Agosto de 1938 foram aprovados os Estatutos do Grémio Nacional dos Industriais de Borracha por Alvará assinado pelo Sub-Secretário de Estado das Corporações e Previdência Social e firmado com o selo branco do Instituto nacional do Trabalho e Previdência. Mas os tempos eram bem diferentes, como se pode perceber pelo texto do Alvará.
A aprovação seria retirada se o Grémio:
- se desviasse dos fins para que foi constituído,
- não cumprisse os seus estatutos,
- não prestasse ao Governo ou às entidades de direito público as informações que lhes forem pedidas sobre assuntos da especialidade do Grémio,
- não desempenhasse devidamente as funções que lhe tivessem sido confiadas,
- promovesse ou auxiliasse greves ou suspensões da atividade,
- e quando infringisse o Estatuto Nacional do Trabalho e a legislação complementar.
E para terminar ainda foi preciso pagar a quantia muito significativa à época de 550 escudos de emolumentos e imposto de selo.
O documento original, já amarelecido pelo tempo, felizmente ainda existe. Está emoldurado e exposto na sede da Associação.
Constituição do Grémio
Em 27 de Abril de 1939 aconteceu a primeira reunião do Conselho do Grémio Nacional dos Industriais de Borracha.
Na altura a sede estava localizada em Lisboa e muito bem situada na Rua Augusta em plena baixa lisboeta.
Presentes 6 pessoas em representação das firmas eleitas na Assembleia Geral Ordinária de 23 de Janeiro do mesmo ano, bem como mais três membros pertencentes à Direção.
Foi uma sessão curta com o Presidente a assinalar o significado da reunião, seguindo-se a eleição e a distribuição dos cargos : Presidente,1º Secretário com funções de Vice Presidente e o 2º Secretário.
A segunda reunião aconteceria seis meses passados em 23 de Outubro a que se seguiram muitas outras com uma interrupção de 1944 a 1949 presumivelmente uma sequela da 2ª Guerra Mundial.
Com a casa às costas
No inicio da atividade do então Grémio no fim dos 30 podemos imaginar que um dos primeiros passos tenha sido encontrar um espaço que funcionasse como sede. Na Acta nº 1 do Conselho de 27 de Abril de 1939 surge a morada na Rua Augusta nº193, 3º esq., que revela ter havido preocupação na localização que não podia ter sido melhor. Ficou situada em plena baixa lisboeta, zona de muito movimento e intensa atividade comercial.
Todavia em Outubro de 1949 ficou lavrado em Acta a intervenção do Presidente para justificar a necessidade da mudança de instalações que eram “precárias para os serviços do Organismo”, bem como alvo de “apreciações nada satisfatórias para a Direcção e para os próprios associados”. A procura devia incidir sobre um espaço perto do centro comercial da cidade e com renda que estivesse dentro das possibilidades orçamentais do Grémio.
A certa altura pareceu impossível encontrar uma solução dada a crise da habitação – onde é que nós já ouvimos isto- mas após “muito trabalho e tempo dispendido e com grande soma de felicidade” foi encontrada uma solução adequada na Avenida da Liberdade nº245. 2ºesq.
Aliás estas instalações condignas e o trabalho realizado na sua procura mereceu um voto de congratulação do Conselho com acordo de todos os presentes.
Esta solução não foi definitiva porque mais tarde a sede passou a ser na Rua Mariano Pina -lote 7-1ºdto, ainda em Lisboa com uma delegação no Porto a partir de 1975 até à transferência, esta sim permanente, para as atuais instalações na Senhora da Hora em janeiro de 1990.
Normalização – assunto com 75 anos
Fez este mês, no passado dia 19, setenta e cinco anos que começou a falar-se em Normalização na indústria da borracha.
Em ata do Conselho do então Grémio é mencionada a presença de um expert para dar uma opinião sobre o assunto, por ser especialmente qualificado já que tinha intervindo e analisado trabalhos idênticos na indústria nacional de esmaltes e ter entre mãos o da indústria de alumínios.
Referiu que “ as normas de fabrico são indispensáveis para a boa qualidade do produto”, mas concluiu pelas dificuldades bem maiores da sua aplicação ao fabrico de artefactos de borracha, por causa da grande variedade de artefactos e de outos fatores de ordem técnica. Mas essa dificuldade não devia fazer desistir de se avançar porque é bastante praticável, apesar do grande numero de fábricas existentes.
“É preciso perseverança de alguns e boa vontade de todos os industriais”.
Não deixou na sua intervenção de aludir à posição dos industriais e do País na elevação das taxas aduaneiras por contraponto à posição do comércio a quem interessa a menor elevação possível da pauta de importação, isto na defesa exclusiva do seu negócio.
Hoje este assunto é perfeitamente normal, mas a esta distância era mesmo uma coisa nova.

Nota Final:
Se algum associado tiver conhecimento de factos passados com interesse, ou possuir memorabília respeitante ao Grémio ou Associação, conte-nos a sua história ou ofereça esses objetos que ficarão à guarda e na sede da Associação.
Nota Final:
Se algum associado tiver conhecimento de factos passados com interesse, ou possuir memorabília respeitante ao Grémio ou Associação, conte-nos a sua história ou ofereça esses objetos que ficarão à guarda e na sede da Associação.